segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Ficção


Nós estávamos na casa do Dani. Fomos até a casa dele só pra pegar um back - ideia minha e da Mabi. Nem sou muito backzeira (quem me conhece sabe), mas sou facilmente influenciável e adoro um dark side, um lado negro ou um drama (como podem perceber).

O combinado era sairmos pra jantar. As duas meninas em um self-service pertinho de casa pra falar de... tcharam: homens! Nesse meio tempo o amigo em comum liga (ex-peguete meu e amigão da minha amiga) e fomos todos pra um restaurante de culinária... bem, não vou estragar a história, lê aí.


Aline - Mabi... é maconha ou skank?

Mabi - Maconha.

Aline - Ah, tá... porque se fosse skank era só um peguinha pra não virar autista.

Mabi - Ãh?

Aline -  Sim, quando eu fumo (muito) eu entro no meu próprio mundo. Fica complicado até pra caminhar, que dirá interagir. Até consigo pensar, mas geralmente sai merda. Mente fértil + veneninho = histórias malucas que só eu entendo. Trágicas, em sua maioria.

Dani chegou, sentou e soltou:

Dani - Então, meninas... temos uma ponta ou esse baseadinho aqui apertadinho. Eu já aperto vários de uma vez, que é pra não ter trabalho. Produção em escala.

Mabi - Ponta, não...

Esse outro você fuma sozinho depois, pensei eu e Mabi falou.

Fumar é um ritual. Não vou exagerar e dizer que é sagrado, mas que é um ritual cármico de transformação mental instantânea, isso é. Resumindo: é um soco na cara. E ninguém continua com a mesma cara depois de levar um soco - não importa o tamanho dele.

A gente vai fumando e não percebe... a boca vai secano, a pálpebra vai pesando... e tá tudo lindo. De repente parece que você ganha uns quilos de massa, incluindo a encefálica. Pronto! Você está oficialmente high.

A boca seca e a gente bebe água. A gente bebe água e tem vontade de mijar. Mas a gente segura, porque a preguiça de levantar pra ir ao banheiro é mais forte.
Dani é o primeiro a levantar pra ir ao banheiro.

Aline - Mabiiiiiiiiiiiiiiiiiii... tô muito doida!!!!!!

Mabi - Calma, tá tudo certo.

Aline - Não, sim, eu sei, mas... aiiiiiiiiiiiii... como é que eu vou levantar daqui? Eu preciso pensar: um passo depois do outro, um passo depois do outro, um passo...

Mabi - Isso. Foco. Pensa e vai!

Aline - Mas eu tô muito dooooooooida! Ai, meu D'us!!!!

Dani entra e Aline rapidamente se recompõe. Mabi tá no sofá, meio deitada, meio sentada... descoladíssima.

Dani - Nós vamos ao tailandês ou vamos pedir alguma coisa pra comer aqui?

Aline - Não, não... vamos sair, né? Hein, Mabi?

Mabi - Sim, pode ser...

Não sei se o problema é a modinha de "menàge" que rola entre os cariocas ou se a minha mente é que é poluída mesmo, mas por um micro segundo eu pensei que o amigo tivesse confundido as coisas. E sim, sou careta pra esses lances. Não preciso dizer que minha mente emaconhada jogou-me em uma cena dirigida e escrita em uma parceria inédita e mediúnica entre Woody Allen e Nelson Rodrigues.

Aline - Preciso ir ao banheiro. Onde é?

Idiota! Como, "onde é"? Você já veio aqui, já deu pro cara... como assim... onde é? Ok, faz tempo, melhor, faz anos, tô doida e não me lembro mesmo, mas... vão achar que tô fazendo tipo ou pedindo pra ele me levar até o banheiro pra gente se agarrar. Idiota, idiota, idiota!

Dani - É ali, ó.

Aline - Ali onde?

Nããããão... você acha que tá num labirinto? Se é ali, é ali. Só seguir as placas. Placas? Não. Ai, tô doida. É só abrir o olho e as portas. Ai.

Dani - Eu te mostro...

Aline - Não! Não, pode sentar, precisa não. É ali ali, dobrando à direita? Eu acho, eu acho.

Será que eles ouviram o barulho de eu trancando a porta? Mas... porque eu tranquei a porta? Eles sabem que eu tô aqui, ninguém vai tentar entrar. Bom, agora já foi. Mas será que eu tranquei mesmo? Deixa eu conferir. Ai, aquela banheira. Lavabo com banheira, olha que legal. Não é lavabo, é o banheiro da filhinha dele. E eu já dei pra ele naquela banheira. Melhor não pensar nisso agora, deixa eu me olhar no espelho. Blush, blush. Pó não precisa, porque a cara não tá brilhando. Ó, esse primer (pré maquiagem) é bom. Será que ficou muito blush? Deixa eu tirar um pouco. E o cheiro de back nas mãos? Vou passar um perfuminho. Deixa eu passar no pescoço também. Ih, será que passei muito? Mulher bacana não passa muito perfume forte, diz a Gabi. Isso é coisa de perua. E agora? Só a gente na sala e eu vou chegar envolta em uma nuvem aromática igual um sachê humano. Será que eu lavo? Não, mas aí vou ter de passar mais blush. E talvez pó. A toalha de rosto. Não. Vou pegar um pedaço de papel higiênico e tirar o excesso de aroma. Pronto. Agora o xixi. Quanto espelho nesse banheiro. Estranho me olhar mijando. Tem espelho ao lado e atrás do vaso. Não quero baixar as calças aqui. Já pensou se tem câmera? Eu sempre penso isso quando vou fazer xixi na casa de alguém e tem muito espelho. Em restaurante também. Se bem que são poucos restaurantes que têm espelho. Não dá pra segurar. Sento, ou não? Aqui dá pra sentar, só não pode sentar em banheiro público. Na dúvida, a gente exercita o quadríceps. Não vou sentar. Xixi boooooooooooooooooooooooooooom. Ih, sentei. Agora foi. E o papel, jogo na lixeira ou no vaso? A lixeira tá longe. Mas e se o vaso for daqueles que entopem? É só puxar bem a descarga. Vou dar mais uma puxadinha, só pra garantir. Ih, eu dei uma descarga e meia. Vai parecer que eu fiz cocô - e um cocô grande, que não quis descer. Eu demorei me maquiando, então eles vão ter CERTEZA de que eu caguei. Não basta ser inocente, tem de parecer ser. Não vou nem lavar as mãos pra não demorar mais. Só apagar a luz e sair correndo.

6 comentários:

Anônimo disse...

linda!!!!!!!! tch-amo

Mari disse...

Aline
Curti sua participação no BBB14.....,onde vc citou este Blog.Adorei este texto-crônica(é isso?)
Também tenho um do mesmo gênero.Será que um dia vc terá tempo de me visitar?
Felicidades e espero que vá para a final!
Abraço
Mari

www.editandovida.blogspot.com

Anônimo disse...

Vc é linda

Unknown disse...

Eu tipo te amo. hihi

Valentina disse...

Te amo

Unknown disse...

HAHHAHAHAHAHAHAHAHHAHAH isso não pode ser ficção, tu descreveu tão bem como ficam os pensamentos que eu fiquei maconhada aqui lendo.
ALINE VAMOS TOMAR UM CHAZIN, MIGA?