quarta-feira, 25 de março de 2009

Burrice inteligente


Eu queria ter nascido burra. Juro. A menina burra e bonitinha, que namora e é feliz na sua inteligentíssima ignorância. Os homens fogem de mim. Tá, já me falaram que são só os babacas. Aqueles que têm medo de perder um embate cerebral com um espécime do sexo frágil. Ok, fujam mesmo. Melhor assim. Mas onde estão os letrados, então? Tem um cerebrozinho carente - com carne malhada em volta! - aqui esperando. Na verdade eu estou é fadada ao insucesso amoroso. Pois além de ter nascido inteligente (e humilde) em um país onde só é valorizada a cultura periférica (leia-se da cintura pra baixo, de costas e preferencialmente de cúbito), ainda tenho a boca grande. Não me refiro aos lábios carnudos (causador de muito bullying no passado, mas aí é outra história) que mamãe e papai fizeram, e eu amenizo com um batonzinho cor de nada. Quando digo boca grande, acrescente aí "o" detalhe: cérebro muito perto da língua. Pensei, falei. Ou melhor. Pense, falei e depois... já tinha sido. Sim, eu não me contenho. Ao primeiro sinal da falta de instrução alheia, retifico. Corrijo mesmo. E é mais forte do que eu. Meu sangue de jornalistona ferve e explode, jorrando as palavras bocão afora. Mas é na melhor das intenções. Assim como quando se (aff!), eu der uma erradinha no português, façam a correção, por favor! Aprendo, anoto, agradeço, ponho na cachola e uso, quando precisar. Tem mulher que se finge de burra. Essas, além de inteligentes, são ardilosas. Elas não se importam em sustentar suas opiniões. Falam pouco (somente o básico), ouvem muito e finjem que não estão nem aí. Atrizes da vida real. Palmas! Clap clap. Bolsa da CAL para elas, por favor! São essas que conseguem os melhores partidos (inteligentes, educados e afim de algo sério). Mas é preciso ser muito inteligente pra se fazer de burra. Eu não consigo. Imagino o que o outro pode pensar de mim: "é bonitinha, mas é uma porta!", ou "fica quietinha e vem cá, vem". ARGH!!!!! Não, pra mim não serve! Não estudei em um bom colégio, não lí livro russo, não fui pra universidade para ter apenas cabelos tinturados na cabeça. Não, não, não!
Então, vou ficando com minha inteligência solitária. A última vez que eu fiz um sexo gostoso foi no post abaixo. E eu nem estou falando de amor. Eu não sei mentir, claro que é amor - mas respondo apenas pela minha parte - pois tenho o pezinho bem no chão e sei que hoje em dia querer (e encontrar) amor, pele, cérebro, beleza, cosmos, junções e emoções em um mesmo pacote é difícil. Mais fácil é ganhar na mega-sena acumulada. Sou burramente humilde. E inteligentemente ignorante pra não colocar uma sainha, sair rebolando por aí e arranjar um bofe pra chamar de meu. Na minha imperícia geral, vou ficando com um bom livro e meu vibrador na cabeceira, enquanto o "sr. cérebro" não aparece.
Só espero que ele não venha quando eu já estiver de bengala. Porque aí, pode ser que eu prefira um livro a um pinto.

2 comentários:

raul franco disse...

vc sempre surpreendente, liz

beijos e sucesso

raul franco

gustavo leig disse...

poxa, escrever sobre a própria inteligência... é legal se considerar inteligente, mas convenhamos, isso hoje é tão subjetivo. O lula com certeza se considera inteligente, orgulha-se de nao ter estudado. Você parece mais com o que descrevo de sensação de "peixe fora d'agua" com tudo que vê por ai. Mas essa sua aparente revolta passa (digo aparente em se texto pelo menos), depois você fica mais "laid back" e contenta em ver as coisas mais de longe. Pelo menos produz bastante, escreve, põe pra fora, não se esconde... As coisas boas estão por aí, díficil é encontrar mesmo.