segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Fiel companheira



Ela voltou!
E voltou forte, junto, colada!
Eu sabia que a minha grande musa inspiradora não me abandonaria por muito tempo. Ela é fiel, parceira, me ama.
Quem é ela?
A tristeza.
Devo ter nascido pra escrever. Escrever e sofrer. Fazer com que meus escritos inspirem outros casais a serem felizes ou a fazer com que a menina que tomou um fora não se sinta sozinha. Sou a fundadora, sócia remida, cliente mor do clube da infelicidade.
Não me falta dinheiro. Não me falta estudo. Não me falta violão. Tenho até uma mamãe (doentinha, mas em franca recuperação) que mais parece minha irmã, pois conversamos sobre tudo e todos. E sem julgamento, apenas com abraços e palavras (às vezes fortes) de estímulo e incentivo.
Mas me falta amor. Amor carnal, de homem pra mulher, desejo, sexo, paixão, tesão, atração. Parece até que sou a pior das mulheres, aquela que foi escolhida por Deus ou pelo Diabo para ser a mártir, para carregar no osso do peito toda a rejeição e insatisfação que uma fêmea pode suportar. Eu tô chegando no meu limite. Quando eu enxergo um raiozinho de sol pela janela, e resolvo pôr a cara pra fora pra me energizar, vem um passarinho e caga na minha cabeça, o vizinho de cima joga um cigarro que me queima a testa, escorrego e quase caio no chão e meu brinco, aquele que eu mais amo, se desprende da minha orelha e despenca lááááá embaixo. E ainda passa um carro por cima, pra deixá-lo bem esmagado e sem condições de uso.
Não sou religiosa, mas acho que todos os Santos são passíveis de crença. Por isso, comecei a acreditar que eu fui um homem muito f.d.p., que fez muita mulher sofrer em alguma outra (recente) vida. E nesta agora, eu vim pra pagar. Tudo. Todos os pecados do meu eu masculino. Com juros altos e super correção monetária-sentimental.
Mas antes de ter nascido mulher ou homem, sou um ser humano. A dor que insiste em residir no meu coração é tão grande que passa pelos ossos, pela carne, pelo recional. Eu sou frágil por fora, mas sempre tentei ser a durona por dentro. Mas a carga tá pesada demais pra mim, não tô aguentando. Quero desistir. Entregar os pontos.
Sei que para desfrutarmos com propriedade e sabedoria a plenitude da felicidade, temos de sofrer um pouquinho antes. É, aquela história de conhecer os dois lados, pra valorizarmos tudo de bom que vier, blábláblá.
Mas eu não consigo reconhecer algo que eu nunca tive. Adoraria estar do "outro lado" por mais de uma semana, por mais de meia dúzia de beijos e duas transas fantásticas.
Não tô pedindo muito, só quero ser feliz.
Ou será eu não mereço. Que ser feliz, pra mim, é muito?

Um comentário:

Anônimo disse...

A única coisa que vislumbro é o tal sorriso sarcástico aliado ao pensamento tranqüilo... sabes a que me refiro? Enfim, lindas palavras, mas sabemos que todas as coisas que nos acontecem nessa vida não passam de fases e sei que a causalidade obviamente irá surpreendê-la e quando o GRANDE momento chegar ambas saberemos, você saberá ao perceber minha reação, com um quê de olhar perdido, semblante desapegado e o cinismo no canto da boca (e nesse momento estarei pensando: "a vida é muito louca, como ela pode abandonar uma amiga tão fiel e companheira de longa data e agora só escutar essa nova amiga que pouco conhece? No fim entenderei por que fiz o mesmo, simplesmente dei um pé na bunda da minha grande amiga tristeza e confiei minha alma a minha mais nova amiga a ALEGRIA!")

Jane C. Mota