domingo, 20 de julho de 2008

Gauchada rules!

Recomendo um filme: "Nome Próprio".

Inspirado em livro (Máquina de Pinball) de uma ex-colega minha chamada Clarah Averbuck. Não éramos das mais amigas em sala de aula, mas competíamos veladamente para ver quem era a mais louca. Ela, cheia de tatoos, piercing e cabelo preto. Eu, ex-nerd me descobrindo gatinha, ruiva e professora de dança do ventre.

Uma vez perdi uma aposta. E como boa pagadora que sou, fiz uma apresentação da tal dança vestida a caráter no meio da aula de biologia. O mico reverteu em benesses para minha auto-estima e popularidade hight school.

Mas voltando ao filme... o diretor é o Murilo Salles e a protagonista é a ótima Leandra Leal. O filme pode ser qualificado como bom em grande parte graças a Leandra, pois trata-se praticamente de um monólogo (e isso faz com que, muitas vezes, quase fique monótono. Eu disse QUASE). Nudezas excessivas a parte (os meninos é que vão gostar, pois nossa protagonista abandonou de vez a adolescente gordinha para se transformar em uma jovem mulher comestível) e bacanais literários, filosóficos e verborrágicos, o filme é contagiante. O ar de cinema europeu, a cuidadosa fotografia e o roteiro caprichado mais o fato de o filme ter sido inspirado na obra de uma blogueira-escritora (ou escritora-blogueira?) dão o tempero ideal à obra.
O estilo Fante-Bukowskiano com que Clarha escreve e vive é muito bem transpassado para a tela, e desta para os telespectadores através do fio-condutor da trama: o blog de Camila (personagem inspirada na minha ex-coleguinha).

Camila sofre, ri, chora, se entrega, pisa e é pisada. É uma mulher de verdade, um ser humano que se joga no álcool (ela toma cerveja quente, eca!), no cigarro e nos homens. Tenta suprir a frágil carência característica dos solitários nos pintos desconhecidos que vai encontrando pela noite. Camila não é promíscua. Ela só que um colo. Ser amada. Ser feliz. Camila é ansiosa (ela nem espera a cerveja gelar). Se joga. E quebra a cara. Uma, duas, três vezes. E não aprende com seus erros. Ela não quer durar, ela quer viver. E sentir, amar...

O final do filme é um pouco "a seguir, parte II, a missão". Faltou um desfecho. A história tem começo e meio, mas não tem fim. Talvez porque seja óbvio que Camila errará, errará e nunca aprenderá. E sua vida será uma sucessão de erros e alguns acertos, até ficar velhinha e enfrentar a fila do INPS. A Camila da vida real sei que tem uma filhinha e anda colhendo os louros, ruivos e morenos da súbita fama de escritora hard-cult. Aproveite, Senhorita Averbuck! Você merece...

Em tempo: Clarah é filha de um músico e de uma astróloga. Para quem não sabe, o pai dela é o divertidíssimo Hique Gomez, um dos autores, compositores e escritores do sucesso "Tangos e Tragédias", em cartaz todos os verões no Teatro São Pedro, em POA, há 20 (!) anos. Quem já viu, pede bis. No repertório do teatro-show, pérolas como "Na Sbórnia se dança o copérnico, ô, ô ô ô..." e "eram duas caveiras que se amavam", entre outras. Ah, um dia quero conhecer a Sbórnia (dizem ser uma cidade lixo-cultural). E dizem também, que depois de "Tangos e Tragédias", vem aí "Sambas e Sadismos". É ver pra crer...




[conselho: pule até o 1:25, onde a entrevista engrena e as músicas começam]


Ainda dá tempo: Leandra Leal é blogueira! Ela escreve muito antes de pensar em fazer o filme do Murilo. Já criticou colegas (chamou Dani Winnits de Willi Wonca, haha) e ficou na geladeira global por uns tempos. Agora tá na paz, sem polêmicas. Ao menos no computador.

Pra encerrar, pq não dá mais tempo: não é post patrocinado, não! Só escrevi aqui sobre o filme porquê... rolou uma identificação com a personagem, talvez? É, talvez, láááá no fundinho.


Blog da Leandra: http://alicemepersegue.blogger.com.br/

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