Tenho um pofessor legal - ríspido, tímido e rigoroso (e gato!).
As aulas acabam sendo uma mistura de tortura e prazer. Claro que minhas fortes tendências sadomasôs ficam em ebulição, mas... é que eu sou tããããão perfeccionista que o fator erro me D-E-S-E-S-P-E-R-A! Caramba!
Lembro quando comecei a dançar o "tchan". Todos têm um lado negro na vida. E o meu é preto e bahiano. Me requebrava toda na frente do espelho, me achava a bahiúcha mais cor de jambo do nordeste, a "bala que matou Kennedy". Claro, dançava desde os 15 anos, aprendi a sambar sozinha e dava aula de dança do ventre pras "Scheilas do Tchan", tudo isso antes dos 20 anos! Só que no fundo, so deep in my soul, eu achava que eu não era a tal bala, muito menos o "avião que matou John-John". E olha que naquela época eu tinha 105 de quadril. Se estivéssemos nos dias atuais, eu seria uma mulher-frutinha. Mas naquela época, tendo em vista que eu era branquinha (por fora) e tinha o mesmo derriére de Carla Perez (lembra dela?) eu era um frutão.

Sempre que alguém me dizia: "dança aí!", eu já ficava nervosa. Uma vez fui fazer um teste para entrar em uma banda, que estava com um big empresário e prontinha pra estourar. O empresário era o mesmo da Cláudia Leitte, do (argh) Babado Novo. Por trás tínhamos a fina flor da produção musical bahiana à época. Passei no teste de canto com louvores e sob os olhos ciumentos de algumas musicistas da tal banda-promessa. Dancei, literalmente, no teste de dança. CARAMBA, uma profª de dança rodar no teste de dança? Como assim???? Meses depois ví a tal banda no Faustão, lançando o mega sucesso "Xibom bombom", música que eu tinha ouvido no estúdio e "metido o pau". Nome da banda: As Meninas.

Nossa, fiquei deprê. Me achando a pior das piores. Então resolvi me misturar com quem realmente entendia do requebrado. Começei a freqüentar os ensaios do Olodum, a dançar com os meninos de dança de rua de Salvador e com os caras do Swinge Raça. Suava...minhas pernas e joelhos doíam, de tanto rebolar e dar abaixadinhas. Fiz mestrado e pós graduação pelas ruas e quadras do pelourinho. A ginga não era (só) bahiana. Era brasileira. E eu a tinha, por direito! A típica branquela (com os cabelos pintadaços de negro, pra amenizar) gaúcha estava ali para provar, mostrar e retificar essa máxima.
A tal banda já estava com algumas músicas na rádio e em todos os programas populares do eixo Rio-Sampa-Brasil. Eu já nem lembrava mais do episódio traumático do teste, já havia superado. Só queria saber de dançar com minha nova turma. Um dia, no meio do ensaio do Olodum, sinto alguém me tirar da coreografia me puxando pelo braço.
- Oi, qto tempo! Tudo bom?
- Oi, Robson. Tudo ótimo!
- Que bom te encontrar aqui. Tenho algo pra te contar há tempos...
- Ah é? Pode falar.
- Tu não foi reprovada no teste de dança. Pelo contrário. Tu não entrou na banda porque tu falou que não gostou da nossa música de trabalho. Eu não levei em consideração, mas o outro produtor (namorado de uma percussionistas) achou melhor te limar...
Não preciso dizer que segurei meu queixo pra ele não bater no chão. Bocão desgraçaaaaaado esse meu! Putaquiupariu! Mas... eu não era perna de pau! Tinha boca de jacaré, mas fogo nos quadris! Era isso que eu precisava ouvir pra seguir em frente!
Hoje em dia eu danço na frente de quem for. E muito bem, diga-se de passagem. Um grupo de amigos até me apelidou carinhosamente (?) de dancinha. No começo achei que fosse pejorativo, mas hoje até gosto de ouvir. Principalmente quando é ele que diz...
Eu ainda não solto a voz sem minha banda por perto. Mas em breve eu mando um "Mercedez Benz" a capela.

Hummm... e se não for bom? Se Janis se revirar no caixão?
Poderia ser uma boa idéia. vai que ela ressuscita?
Prometo pensar no assunto.
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